sábado, dezembro 20, 2014

O América na Era Pelé (Parte 6)

Nocauteou todo mundo, menos o América

Quando a delegação do Santos voltou a Rio Preto em 1959, com Pelé e companhia, o prefeito Alberto Andaló já havia adiantado as obras de canalização e urbanização do Córrego Canela. A tabela marcava jogo no “Mário Alves Mendonça” para o dia 30 de agosto. A torcida ainda guardava na memória aquele empate de 0 a 0 do ano anterior e a boa impressão que o América havia deixado na derrota apertada de 3 a 1 em Santos.
Alvoroço na cidade. Aviões teco-teco sobrevoam Rio Preto anunciando o espetáculo em enormes faixas ao vento. Foi preciso a Polícia Militar entrar em ação e abrir o caminho para que os craques se dirigissem ao estádio. Enfim, em campo, a constelação: Manga, Pavão e Mourão; Ramiro, Formiga e Zito; Dorval, Jair, Pagão, Pelé e Pepe. Prontos para enfrentar Lugano, Fogosa e Ambrózio; Carlos, Bertolino e Julinho; Cuca, Colada, Santos, Adésio e Urias.
Colada revela-se o atacante mais lúcido de toda a partida, enquanto Lugano dá espetáculo no gol do América, quando acionado. Mas quem marcou primeiro foi mesmo o Santos, aos 28 minutos. Depois de uma tabelinha com Pelé, Dorval colocou o Peixe em vantagem. No entanto, o América precisou só de sete minutos para empatar, com Colada, de cabeça, após escanteio cobrado por Urias. O goleiro Manga ficou só olhando, confiando cegamente no grandalhão Pavão, que não saiu do chão.
O Santos voltou a marcar aos 18 minutos do segundo tempo. A defesa falhou, Pelé lançou pelo alto para Pagão, que matou no peito, girou, fintou Fogosa e fuzilou Lugano. Dois minutos depois, Julinho perdeu uma bola na intermediária, Pelé se aproveitou, tabelou com a canela de Fogosa e chutou. A bola saiu de estilingada, no canto alto esquerdo.
Pelé e Fogosa passaram todo o segundo tempo trocando farpas e faltas em campo, sob os olhares complacentes do árbitro Norberto Rodrigues de Paula. Aos 44 minutos, o América chegou ao segundo gol, reduzindo a desvantagem para 3 a 2. Cuca caiu sobre a bola e o juiz viu pênalti de Mourão. Fogosa cobrou e marcou, para consolo da torcida, que deixou 695 mil 275 cruzeiros nas bilheterias do estádio “Mário Alves Mendonça”.
Um placar insatisfatório para o Alvinegro, que estava goleando todo mundo de novo: 8 a 2 no XV de Jaú, 4 a 1 no Guarani e ainda faria 6 a 1 no Noroeste, 6 a 2 no Comercial e 5 a 2 na Ferroviária. Diante do América, mais uma vez dureza para Pelé e amigos.

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