sexta-feira, julho 23, 2010

ESTREANDO EM REDE NACIONAL
Acabo de preparar, em Rio Preto, uma matéria fantástica para a rede nacional da Record. Foi ao ar neste sábado, no programa Esporte Fantástico. Aconteceu em 1984: Rodolfo Rodrigues fez a maior sequência de defesas "do mundo" num jogo contra o América de Rio Preto. Ouvimos os jogadores do América e fizemos a reconstituição dos lances com eles. Voltarei aqui para contar em detalhes e mostrar o vídeo. Abraço aos amigos leitores. (Atualizado domingo, 25).

quinta-feira, julho 08, 2010

SUA EXCELÊNCIA, O COMENTARISTA

(Minha coluna de 8/7/2010 no jornal BOM DIA)

Os colegas de redação costumavam brincar com o amigo Mário Luiz sobre seus comentários no programa “Matinal Esportiva” e nas transmissões de jogos da antiga rádio Independência nos anos 80. “A mim me parece que se o América não perder este jogo contra a Ferroviária, é bem capaz de empatar, mas pode também vencer”, repetíamos aos ouvidos dele, na infrutífera tentativa de irritá-lo, atribuindo-lhe uma frase que, a bem da verdade, ele jamais disse.

A verdade é que “o comentarista que sabe o diz” dispensava e dispensa comentários. Me perdoem os outros colegas ‘Maradonas’, mas o Mário virou mito regional e se transformou numa espécie de ‘Pelé’ por essas bandas do noroeste paulista. O inigualável Mário me vem à memória no momento em que se observa nesta Copa do Mundo, mas não só agora, a grande legião de comentaristas espalhados por aí, especialistas de tudo – tem até o Diogo Mainardi: contratado temporariamente para falar de futebol na Copa, passou a atender pela sugestiva alcunha de “vuvuzela humana”.

Já ouvi dizer, e não ouso discordar, que comentaristas esportivos lembram muito os comentaristas de economia. Eles sempre acertam, porque nunca erram – as coisas é que mudam como as nuvens. Se dizem que o time vai vencer e não vence, é porque os jogadores ou o técnico, de repente, não se comportaram de acordo com os mais infalíveis prognósticos. Ah, se o Dunga ganha o hexa na Copa da África! Estaria consagrado e eleito para buscar o título em 2014, em terras brasileiras, ainda que os comentaristas dissessem que o Brasil venceu, apesar do Dunga.

Mas como Dunga é passado, o negócio agora é comentar o que vem por aí. Aliás, comentar não em cima de fatos, mas de hipóteses. Assim como temos milhões de técnicos de futebol, temos milhões de comentaristas esportivos. O que nos leva à modalidade do comentarista de arquibancada, o torcedor apaixonado. Agora mesmo muitos deles levantam as mais estranhas teorias para explicar a eliminação do Brasil. A mais comum é a desconfiança de que tudo estava devidamente combinado, todos os resultados, incluindo as zebras, foram rigorosamente traçados nos bastidores.

Neste contexto, estaria arranjada até mesmo aquela convulsão que Ronaldo Fenômeno teve momentos antes da final de 1998, contra a França. Pergunta-se: como montar tamanha farsa em meio a tanta gente envolvida? Edmundo, o “Animal”, por exemplo, já teria se encarregado de contar tudo para o mundo todo. Seria risco demais até para os mais habilidosos mafiosos. Diante de tão sofisticada tecnologia nos campos de futebol, nem comprar juiz se compra mais como antigamente.

Tecnologia que, a propósito, tornou cômoda a situação dos comentaristas, incluindo os especialistas em arbitragem. Se eles já não erravam antes, agora com a ajuda das câmeras é que não erram nunca mais. O Arnaldo Cezar Coelho, por exemplo, não precisa mais chutar nada antes de ver o replay e, aí sim, esfrangalhar o pobre árbitro que, lá no gramado, continua tendo a inglória missão de decidir na fração do segundo e submeter sua decisão à avaliação dos milhões de comentaristas infalíveis.

quinta-feira, julho 01, 2010

VIDA LONGA AO MARADONA
(Minha coluna no jornal BOM DIA publicada em 1/7/2010)

Adendo após a eliminação: quero Brasil x Argentina na final em 2014

Dá arrepios só de pensar no tamanho da frustração se tivermos de conquistar o Hexa em cima de um Paraguai. Impensável, claro, mas a disposição das chaves a partir das oitavas-de-final, quartas-de-final e agora semifinais mostra que esse é um possível caminho, até porque a Copa está sendo disputada no habitat das zebras, e elas andaram à solta na fase inicial. Pior: já pensou perder o Hexa para o Paraguai? Depois de iniciar a competição jogando contra times da estirpe de uma Coreia do Norte e da Costa do Marfim, definitivamente nós merecemos mais. Ainda mais depois do empate chato com Portugal e da vitória aguada sobre nossos eternos fregueses chilenos.

Agora, sim, parece ter começado a melhorar. Graças à Holanda, que nos livrou de ter de enfrentar a gloriosa Eslováquia nas quartas-de-final, amanhã finalmente teremos um duelo à altura das nossas tradições. Tudo bem que os holandeses nunca ganharam uma Copa, mas estão sempre lá nas fases decisivas e jogam um futebol digno das grandes potências. E até já ganharam do Brasil em uma partida importante de Copa, no Mundial de 1974, na Alemanha – eles nos eliminaram com 2 a 0 nas semifinais, gols de Neeskens e Cruyff. Nas outras igualmente importantes, nós vencemos, em 1994 e em 1998. Enfim, vai ser um clássico de verdade.

E depois da Holanda, o que será de nós? Deus nos livre de enfrentar Gana nas semifinais. Então, o negócio é torcer pelo Uruguai nas quartas-de-final. Está certo, Gana não é exatamente uma galinha morta, mas ter de eliminá-los no caminho do Hexa não será tão saboroso quanto passar por cima dos uruguaios. Sim, a Celeste Olímpica, bicampeã mundial – como esquecer o Maracanazo, a final do Bi que ganharam em cima de nós no Maracanã? Aliás, para mim a vingança só estará completa no dia em que o Brasil vencê-los numa final de Copa. No estádio Centenário, em Montevidéu. Não vale derrotá-los numa final no Brasil em 2014.

Voltando a 2010, já imaginou passar pelo Uruguai (e não Gana) e depois jogar com o Paraguai na decisão do título? Vai ser muito mais chato do que dançar com a irmã. Sorte nossa que essa possibilidade é praticamente nula – até porque os paraguaios, se passarem pela Fúria espanhola, ainda terão Argentina ou Alemanha. Então, vamos esperar que aconteça o óbvio, que venha a Argentina ou a Alemanha. Ocorre que já faturamos o Penta em cima da Alemanha, em 2002. Pensando bem, não vai ter tanta graça assim. Tudo isso para dizer o seguinte: a gente quer mesmo é a Argentina do Maradona na decisão do Mundial da África do Sul – até para retribuir ao Maradona, que tem nos presenteado com suas quixotices e, de quebra, deixou momentaneamente de se comparar ao Pelé para se comparar ao Dunga.

Restará, então, a última e épica missão brasileira no país das vuvuzelas: ganhar o Hexa em cima dos argentinos. Pode ser com gol impedido, gol contra, gol de mão – será até mais gosto. Mas nossa missão maior mesmo é impedir que Maradona nos brinde com a cena dos infernos – o homem prometeu desfilar pelado se for campeão, e louco nós sabemos que ele é, além de não ter um pingo de bom senso.

Enquanto esse dia não chega, deixo a pergunta aos leitores do BOM DIA. Quem foi o melhor jogador do mundo: Maradona ou Biro Biro?