segunda-feira, junho 14, 2010

MINHA ENTREVISTA COM O REI PELÉ

Bom, se a Globo pode reprisar à exaustão aqueles filmes batidos na Sessão da Tarde, acho que posso também reprisar o texto abaixo. Até porque estamos em plena Copa da África do Sul.

Da série "Vale a pena ver de novo", a entrevista concedida pelo Rei Pelé a Milton Rodrigues, publicada no meu livro "Avenida da Saudade - o América de Rio Preto na Era Pelé", e no Diário da Região do dia 10/10/2004 (só podia ser dia 10 do 10 uma entrevista com o 10 mais famoso do mundo):

Milton Rodrigues - Em qual estádio do Interior era mais difícil jogar?
Pelé - Jogar no interior sempre foi muito difícil, mesmo na melhor fase do Santos Futebol Clube. Principalmente Araraquara e Rio Preto.

Milton - Qual o time do Interior era mais difícil de ser batido?
Pelé - Sem dúvida nenhuma a Ferroviária de Araraquara era a pedra na chuteira do Santos Futebol Clube. Era difícil também com o América de Rio Preto, mas todos os times do interior, quando se defrontavam com o Santos, queriam ganhar. Davam muito trabalho.

Milton - Houve algum lance ou gol marcante em jogos com o América?
Pelé - Contra o América, sempre era um jogo espetacular, principalmente em Rio Preto.

Milton - É verdade que o lateral Ambrózio, do América, foi um dos seus marcadores mais leais entre os times do Interior?
Pelé - Ambrózio era um grande jogador, jogava duro, mas leal, sempre na bola.

Milton - Você se lembra do jogo de 1973 em Rio Preto, em que houve um incêndio e você acenou para a torcida junto com o Clodoaldo, pedindo calma (foi a última vez que você jogou em Rio Preto).
Pelé - Foi muito triste ter me despedido de Rio Preto com aquelas cenas de desespero na torcida. O acidente poderia ter sido bem mais grave, mas Deus ajudou.

Milton - E o jogo de 1969 em Rio Preto, em que você tomou vacina no estádio, para incentivar uma campanha de vacinação?
Pelé - Nós sempre apoiávamos as campanhas de vacinação do governo. Tomávamos as vacinas para dar exemplo.

Milton - O que você acha dos comentários de que a Lei Pelé está “acabando” com o futebol do Interior?
Pelé - Eu tenho esclarecido isso, em todas as minhas entrevistas. O que está acabando com o futebol brasileiro é a má administração dos nossos dirigentes. Pergunto: onde foi parar o dinheiro que entrou para o Vasco da Gama? e o dinheiro que entrou no Flamengo? e o dinheiro que entrou no Corinthians? e o dinheiro que entrou no Grêmio?, etc, etc. Isso é culpa da Lei Pelé?

Milton - O que os clubes do Interior deveriam fazer para superar a eterna crise financeira?
Pelé - É só administrar profissionalmente os seus clubes.

Milton - Por que você nunca quis ser presidente do Santos FC?
Pelé - Nunca tive a pretensão de ser dirigente de futebol. Eu gosto de trabalhar com a base, com as crianças. Essa vai ser minha aposentadoria.

Milton - Você acha que o Santos deveria aposentar a camisa 10, tanto tempo depois que você parou?
Pelé - Não temos esse costume aqui no Brasil, isso só acontece nos Estados Unidos.

Milton - Você acha possível algum jogador igualar suas marcas ou como você costuma dizer, o seu Dondinho e a dona Celeste jogaram a forma fora?
Pelé - Pode existir um igual ou melhor que o Pelé, mas outro Pelé não haverá jamais.

Milton - Até onde o Ronaldo pode chegar na Seleção? Você acha que ele pode superá-lo?
Pelé - Sem comparar, Ronaldo já é uma realidade. Aliás, os dois Ronaldos (o Fenômeno e o Gaúcho) são uma realidade.

Milton - Mais alguma consideração, Pelé?
Pelé - Foi um prazer ter respondido suas perguntas e receba um abraço de minha parte.

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