Nocauteou todo mundo, menos o América
Quando a delegação do Santos
voltou a Rio Preto em 1959, com Pelé e companhia, o prefeito Alberto Andaló já
havia adiantado as obras de canalização e urbanização do Córrego Canela. A
tabela marcava jogo no “Mário Alves Mendonça” para o dia 30 de agosto. A
torcida ainda guardava na memória aquele empate de 0 a 0 do ano anterior e a
boa impressão que o América havia deixado na derrota apertada de 3 a 1 em
Santos.
Alvoroço na cidade. Aviões
teco-teco sobrevoam Rio Preto anunciando o espetáculo em enormes faixas ao
vento. Foi preciso a Polícia Militar entrar em ação e abrir o caminho para que
os craques se dirigissem ao estádio. Enfim, em campo, a constelação: Manga,
Pavão e Mourão; Ramiro, Formiga e Zito; Dorval, Jair, Pagão, Pelé e Pepe.
Prontos para enfrentar Lugano, Fogosa e Ambrózio; Carlos, Bertolino e Julinho;
Cuca, Colada, Santos, Adésio e Urias.
Colada revela-se o atacante mais
lúcido de toda a partida, enquanto Lugano dá espetáculo no gol do América,
quando acionado. Mas quem marcou primeiro foi mesmo o Santos, aos 28 minutos.
Depois de uma tabelinha com Pelé, Dorval colocou o Peixe em vantagem. No
entanto, o América precisou só de sete minutos para empatar, com Colada, de
cabeça, após escanteio cobrado por Urias. O goleiro Manga ficou só olhando,
confiando cegamente no grandalhão Pavão, que não saiu do chão.
O Santos voltou a marcar aos 18
minutos do segundo tempo. A defesa falhou, Pelé lançou pelo alto para Pagão,
que matou no peito, girou, fintou Fogosa e fuzilou Lugano. Dois minutos depois,
Julinho perdeu uma bola na intermediária, Pelé se aproveitou, tabelou com a
canela de Fogosa e chutou. A bola saiu de estilingada, no canto alto esquerdo.
Pelé e Fogosa passaram todo o
segundo tempo trocando farpas e faltas em campo, sob os olhares complacentes do
árbitro Norberto Rodrigues de Paula. Aos 44 minutos, o América chegou ao
segundo gol, reduzindo a desvantagem para 3 a 2. Cuca caiu sobre a bola e o
juiz viu pênalti de Mourão. Fogosa cobrou e marcou, para consolo da torcida, que
deixou 695 mil 275 cruzeiros nas bilheterias do estádio “Mário Alves Mendonça”.
Um placar insatisfatório para o Alvinegro, que estava
goleando todo mundo de novo: 8 a 2 no XV de Jaú, 4 a 1 no Guarani e ainda faria
6 a 1 no Noroeste, 6 a 2 no Comercial e 5 a 2 na Ferroviária. Diante do
América, mais uma vez dureza para Pelé e amigos.
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